Maurílio Teixeira Leite Penido foi o maior tomista brasileiro de todos os tempos. Nasceu em Petrópolis, no ano de 1895. Obteve o Bacharelado em Letras pela Sorbonne, em 1913. Doutorou-se em Filosofia e Teologia pela Universidade de Friburgo (Suíça), onde mais tarde veio a lecionar. Foi ainda professor da Faculdade Nacional de Filosofia do Rio de Janeiro e do Seminário São José, também no Rio. No campo da Teologia adquiriu renome mundial por ter resgatado a importância do conceito de analogia na obra de Tomás de Aquino. Era comumente chamado de teólogo da analogia. Sua tese de doutorado em Teologia, A Função da Analogia em Teologia Dogmática (Le Rôle de l’Analogie en Théologie Dogmatique), é considerada por muitos o que de melhor já se escreveu sobre o tema em todos os tempos. A maioria dos seus textos – inclusive a tese indicada acima – foi escrita originalmente em francês. Penido tornou-se referência obrigatória – em matéria de analogia – para gerações de tomistas no mundo inteiro. Entre os que reconheceram a sua influência e se confessaram devedores das suas contribuições, estão: Mandonnet, Maritain, Journet, etc. Sua obra foi também citada como referência no assunto por Étienne Gilson.
O seu livro sobre os sacramentos, da celebrada série Iniciação Teológica lançada pela Editora Vozes, permanece sendo o melhor já editado no Brasil a respeito: O Mistério dos Sacramentos (Petrópolis, 1954). Além deste – ainda da mesma coletânea –, são: O Mistério da Igreja (Petrópolis 1952) e O Mistério de Cristo (São Paulo, 1968). Ambos permanecem sendo referências obrigatórias em eclesiologia e cristologia respectivamente. Foi também um exímio teólogo da mística. O seu principal estudo neste sentido está consignado na obra: O Itinerário Místico de São João da Cruz (Petrópolis 1949). Penido morreu em 1970.
Nesta pequena reflexão acercar-nos-emos da concepção de Penido no que concerne à teologia. Primeiramente, a divisão que esposa entre teologia positiva e teologia especulativa, sendo esta última a que adota em seus escritos. No bojo da teologia especulativa, esmeraremos por entender os dois momentos que ela comporta, a saber, a descoberta dos nexos entre os mistérios e a dedução de verdades teológicas a partir dos mistérios. Depois de arrazoarmos acerca do conceito que formula sobre estes dois tipos de teologia, apreciaremos uma nova distinção que defende, vale dizer, a distinção entre teologia tradicional e teologia moderna. Por fim, teceremos as considerações finais deste trabalho. O nosso referencial teórico será a sua Iniciação Teológica, O mistério da Igreja, editado pela Vozes.